Com certeza o primeiro passo para um adulto com déficit de atenção (TDAH) é o diagnóstico correto. Como vimos em post anterior, este diagnóstico é complexo e deve ser feito por profissional treinado.
Quando não tratado, o custo financeiro do TDAH parece ser alto, aproximadamente o dobro de uma pessoa sem TDAH, tanto para crianças quanto para adultos. Apesar dos poucos estudos, o transtorno não tratado pode levar a custos aumentados por baixa produtividade, maior utilização do sistema de saúde, mais acidentes, entre outros.
Além da questão econômica, existem muitos impactos já estudados no não-tratamento do TDAH. Estudos clínicos e epidemiológicos de longo-prazo, mostram que adultos com TDAH não tratado, em comparação a controles, têm maiores taxas de pior desempenho acadêmico, maior desemprego, maior risco de abuso de substâncias (tabaco, álcool e drogas), acidentes e relações sociais mais pobres.
Com frequência, os indivíduos diagnosticados na vida adulta se queixam de não terem recebido tratamento adequado antes, que poderia ter levado a melhor desempenho escolar, profissional, de relacionamentos.
O tratamento na vida adulta pode beneficiar:
- Autoconfiança e funcionamento psicológico
- Relacionamento familiar e interpessoal
- Funcionamento profissional e acadêmico
- Déficits cognitivos
- Performance em direção
- Risco de abuso de substâncias
O tratamento é dividido entre dois grandes grupos: farmacológico e não-farmacológico. Exceto em casos em que há contra-indicação a algum dos dois, a terapia combinada é indicada. O tratamento farmacológico é mais eficaz quando acompanhado pelo não-farmacológico e vice-versa.
Assim como no tratamento do TDAH na infância, o tratamento no adulto deve ser multidisciplinar e pode incluir:
- Psicoeducação do TDAH e comorbidades: O paciente e os familiares devem compreender a doença, suas causas e consequências, tratamento proposto, bem como suas comorbidades (condições frequentemente associadas).
- Farmacoterapia para o TDAH e comorbidades: uso das medicações apropriadas quando indicado.
- Coaching: diferentemente da terapia, o coaching visa encontrar soluções práticas para as suas dificuldades. Principalmente no que se refere ao planejamento e utilização do tempo.
- Terapia Cognitivo Comportamental: terapia com estratégias para modificações no comportamento e criação de estratégias para regulação emocional.
Alguns autores fornecem dicas para adultos com TDAH, com intuito de superar dificuldades como desorganização, procrastinação, distração excessiva e esquecimentos. Conheça 10 dias para melhor produtividade:
- Dedique 10 minutos do seu dia para fazer uma lista de tarefas a serem cumpridas, mas evite listar mais do que 5 itens. Faça isso preferencialmente no dia anterior, ou no início do dia.
- Utilize um calendário ou agenda para anotar seus compromissos profissionais e pessoais.
- Tente prever as possíveis distrações e barreiras que podem te atrapalhar nas tarefas, e tente descobrir maneiras de evita-las
- Se planeje para realizar atividade física, descanso adequado e refeições regulares.
- Lembre-se de que você pode e consegue seguir seu planejamento, mesmo que as tarefas sejam tediosas e desconfortáveis.
- Antes de iniciar um projeto, avalie se ele é realmente factível.
- Perceba o período do dia em que você tem mais foco e produtividade, e tente agendar as tarefas mais importantes para este período.
- Alterne tarefas mais complexas e difíceis com tarefas mais simples e prazerosas.
- Para uma tarefa que você precisa muito fazer mas está adiando, comece dedicando somente 10 minutos a ela, com a opção de continuar por mais tempo se você se sentir pronto para isso. Às vezes, iniciar é a parte mais difícil da tarefa.
Sabemos que adolescentes e adultos jovens com TDAH apresentam maior dificuldade em avaliações, porém existem estratégias que podem ser adotadas pela instituição com o objetivo de melhorar as condições do aluno com o transtorno. Alguns exemplos são:
- Maior tempo para realização de provas e testes (geralmente 1,5 vezes o tempo usual)
- Um ambiente com o mínimo possível de distratores para realização de provas
- Ter acesso a apresentações digitais de aulas, para posterior revisão.
- Permissão para gravar aulas e palestras, para posterior revisão.
É importante que o paciente tente chegar a um acordo com a instituição de ensino, de modo a obter a maior quantidade possível de adaptações. Para isso, normalmente se solicita um relatório médico, que deve ser feito por um especialista.
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