Déficit de Atenção no Adulto

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta cerca de 5% das crianças. Embora cerca de 65%  apresentem remissão parcial ao longo da vida, somente 15% experimentam remissão completa, caracterizando o TDAH como uma doença crônica.

Dentre todos os transtornos emocionais, cognitivos e comportamentais nos jovens, o TDAH é o mais comum. Sua prevalência nos adultos é em torno de 3 a 4%.

Até algumas décadas atrás, acreditava-se que este transtorno não permanecia após a adolescência, porém atualmente há evidência de que muitos casos persistem até a vida adulta, causando prejuízos em todas as idades. Na vida adulta, o TDAH muitas vezes é sub-diagnosticado e pode levar a uma série de prejuízos, como pior desempenho profissional, menor nível socioeconômico, constante mudança de emprego, maior taxa de divórcio, dificuldades em relacionamentos, entre outros. Algumas vezes, os sintomas são sutis e por isso, muitos adultos com TDAH se adaptam às suas dificuldades, procurando atividades com demandas menores.

Atualmente já existem critérios formais para o diagnóstico em adultos. Uma das ferramentas para o diagnóstico é um questionário de sintomas que deve ser respondido pelo indivíduo com base no seu comportamento dos últimos 6 (seis) meses:

A resposta “frequentemente” ou “muito frequentemente” em pelo menos 4 das 9 perguntas, sugere o diagnóstico de TDAH.

Mas ATENÇÃO: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com os sintomas descritos na tabela. Ele deve ser feito após avaliação por profissional habilitado.

Além dos sintomas mais conhecidos do TDAH, que são a desatenção e hiperatividade, existe uma ampla gama de sintomas que são percebidos pelos pacientes e familiares, porém pouco reconhecidos na prática clínica. O psicólogo Thomas Brown, por exemplo, lista outras funções comumente comprometidas em indivíduos com TDAH, que não estão nos critérios diagnósticos, mas que são tão ou mais importantes quanto a desatenção e a hiperatividade:

  1. Ativação: Com muita frequência, indivíduos com TDAH procrastinam atividades, principalmente aquelas que não são de extremo interesse pessoal ou trarão uma recompensa imediata. Há dificuldade principalmente para iniciar tarefas que exijam esforço mental.
  2. Foco: Há dificuldade em se concentrar e em manter e mudar o foco nas atividades. Os indivíduos costumam ser muito facilmente distraídos, não só por estímulos ambientais, mas também pelos seus próprios pensamentos. Na leitura, por exemplo, eles compreendem o que lêem, porém tem dificuldade em manter a informação “online” até ler o próximo trecho. Por isso contumam ler várias vezes o mesmo trecho para conseguir prosseguir.
  3. Esforço: Normalmente, indivíduos com TDAH conseguem realizar com facilidade tarefas curtas ou tarefas mais longas desde que haja grande interesse por elas (inclusive com tendência a um hiperfoco nestas atividades). Porém costuma haver dificuldade em manter atenção sustentada, principalmente para tarefas mais longas e que exijam maior esforço mental. Além disso, há dificuldade em cumprir o tempo estipulado para a maioria das tarefas, por déficits em estimativa de tempo.
  4. Emoção: Pode ocorrer desregulação emocional, com dificuldades em manejar frustração, raiva, preocupação, desejos e outras emoções. Isso pode levar a isolamento social.
  5. Memória: Normalmente há prejuízo na memória de trabalho (memória de curto prazo que nos permite manter informações momentâneas e maneja-las, como um número de telefone, nome de uma rua, etc…) e na recuperação de memórias, como esquecer o nome de uma pessoa conhecida e lembrar posteriormente.
  6. Ação: Dificuldades em regular e monitorar as próprias ações também podem ocorrer nos indivíduos com TDAH. Geralmente isso se manifesta por meio da impulsividade, quando o indivíduo parece agir e falar “sem pensar”.

Você pode estar se perguntando o seguinte: mas eu tenho TDAH e não demonstro todos estes sintomas”. Evidentemente, como na maioria das condições médicas, nem todos os indivídos apresentarão todos os sintomas, mas sim uma parte deles. Por isso é importante que, caso haja a suspeita da presença de TDAH, se procure um profissional habilitado para realizar o diagnóstico e iniciar o tratamento.

Posteriormente, farei um post sobre as possibilidades de tratamento do TDAH em adultos.

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