Antidepressivos viciam?

Os antidepressivos são uma classe de medicações cujas indicações e a frequência de sua prescrição aumentaram consideravelmente na última década. Além do seu conhecido uso em condições psiquiátricas como depressão e ansiedade, outras condições neurológicas e psiquiátricas frequentemente exigem sua prescrição, como a dor crônica, enxaqueca, insônia e sintomas comportamentais da demência.
Após um diagnóstico correto, a escolha dentre as dezenas de opções de antidepressivos é extremamente individualizada, e dependerá primeiramente da condição a ser tratada, mas também de diversos outros fatores, como comorbidades (outras doenças), idade, uso de outras medicações, experiências prévias com antidepressivos e condição econômica para adquirir a medicação.
Efeitos colaterais são comuns e esperados, e em alguns casos, podem ser usados em favor do paciente, como por exemplo o potencial sedativo em pacientes com insônia, ou aumento do apetite naqueles baixa ingesta alimentar. Muitos dos efeitos colaterais costumam ser mais intensos nos primeiros dias ou semanas, e tendem a reduzir, ou até desaparecer, ao longo do tempo de uso regular..
Uma preocupação frequente dos pacientes e familiares, e uma das principais causas de não-aderência ao tratamento, é o potencial de dependência (“vício”) dos antidepressivos. Este é um conceito errado e que não deve ser reforçado, já que esse risco inexiste. Além disso, o objetivo de instituir medidas não-farmacológicas, como psicoterapia, meditação, atividade física e outros hábitos de saudáveis, concomitantemente ao tratamento medicamentoso, é justamente permitir que a medicação possa ser utilizada por um período mínimo. Contudo, enquanto alguns indivíduos fazem uso de antidepressivos por apenas alguns meses, outros mantêm o tratamento por anos, ou até continuamente, sem prejuízos à saúde física ou mental, desde que com indicação correta. Isso dependerá de fatores individuais que devem ser compreendidos na interação entre o médico e o paciente.