Frequentemente as pessoas me questionam se devem se preocupar com a Doença de Alzheimer pelo fato de terem familiares acometidos. A resposta a esta pergunta é complexa, então vamos por partes:
- Provavelmente seu familiar tem ou teve DEMÊNCIA, ou seja, perda das capacidades cognitivas (memória, raciocínio, etc…) levando à incapacidade de realizar tarefas que antes era capaz, como compras, cozinhar, tarefas bancárias, sair sozinho na rua.
A questão é que existem muitas doenças que podem causar demência, e a doença de Alzheimer é a mais comum delas, mas não podemos ignorar outras causas como a demência vascular, também bastante comum. - Falando especificamente de doença de Alzheimer, a presença de um familiar de primeiro grau acometido aumenta em até 30% o risco de desenvolver a doença. O principal gene associado a este risco é chamado APOE, e a presença de determinada característica deste gene parece o risco da doença de Alzheimer.
- Muito mais raramente (cerca de 1% dos casos), a herança se dá de maneira mais direta (herança autossômica dominante), caracterizando a doença de Alzheimer familiar. Neste caso, os sintomas costumam se iniciar antes dos 65 anos de idade e muitos membros da família são acometidos, sem pular gerações.
Tendo em vista essas informações, entendemos que há, sim, maior risco de doença de Alzheimer em pessoas com familiares de primeiro grau acometidos, principalmente para casos iniciados com menos de 65 anos de idade. Neste momento entra em questão a possibilidade de pesquisar alterações genéticas que aumentem o risco de desenvolver a doença, o que é possível atualmente com alguns exames laboratoriais. Contudo, existe um grande debate sobre os reais benefícios em se realizar esta pesquisa, já que ainda não há cura para a doença de Alzheimer e estes exames, na maioria das vezes, não são cobertos pelos planos de saúde, e costumam ter custo elevado. Ou seja, é importante que se avalie muito bem os prós e contras em cada caso.
Como vocês viram, este é um tema complexo, então converse com o seu médico para entender a necessidade de exames complementares e receber orientações sobre prevenção.
Por último, considerando que os fatores genéticos não são modificáveis, vamos focar nos fatores de risco modificáveis, com hábitos de vida mais saudáveis (em breve em novo post)!
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