Se você ama alguém com TDAH, leia isso!

Estudos mostram que um dos grandes prejuízos do TDAH se dá nas relações interpessoais, com maiores taxas de divórcio e menor apoio de amigos e familiares.

Apesar de muitos serem extrovertidos e até irreverentes, tornando-os comunicativos e sociáveis, o convívio próximo e constante pode se tornar difícil.

No dia-a-dia do consultório, percebo com muita frequência o desgaste nas relações entre casais e familiares por conta de sintomas relacionados ao TDAH.

Entenda alguns deles:

– Esquecimento de compromissos e datas

– Não lembrar de conversas e acordos feitos com outras pessoas;

– Atrasos frequentes;

– Desorganização com seus pertences, constantemente perdendo objetos e documentos importantes;

– Desregulação emocional: oscilações de humor com dificuldade de controle das emoções, gerando brigas e instabilidade nas relações;

– Dificuldade em lidar com raiva e frustrações, falando por vezes coisas que podem machucar o outro;

– Impulsividade: tomar decisões de maneira repentina, sem consultar os outros e sem pensar nas consequências de suas ações. A impulsividade também pode se dar no campo das compras, abuso de substâncias, direção veicular perigosa, dentre outros.

Aqui vão 8 dicas para você lidar com os sintomas de quem você ama:

  1. Entender que o TDAH é real e seus sintomas são prejudiciais, podendo causar dor e sofrimento ao paciente. Por ser um transtorno ainda pouco reconhecido, muitas vezes os pacientes se sentem abandonados e sem apoio. Por isso, é importante o suporte das pessoas mais próximas.
  1. Dê tempo a ela / ele para processar as coisas. Apesar de não parecer a quem olha de fora, a mente de alguém com TDAH é muito acelerada. Vários pensamentos e ideias ao mesmo tempo podem se misturar, necessitando de maior tempo para organizá-los e processá-los. Somente com tempo e calma, o indivíduo conseguirá tomar decisões adequadamente e comunicá-las de maneira mais clara.
  1. Dê espaço emocional. As emoções de pacientes com TDAH podem ser muito intensas e há grande dificuldade na sua regulação. Em momentos mais intensos, os processos cognitivos parecem não funcionar e pode ser muito difícil se guiar por pensamentos mais racionais. Esperar esse turbilhão de sentimentos passar é a melhor forma de ter uma conversa mais produtiva e resolutiva.
  1. Não subestime a ansiedade de quem tem TDAH. Em poucos segundos, ela pode ir de zero a cem, causando sintomas de pânico. A capacidade de imaginar cenários catastróficos, mesmo sem motivos suficientes, é muito grande. Tentar lidar com essas sensações pode tornar o paciente irritado, retraído, isolado ou nervoso.
  1. Respeite os limites. Pessoas com TDAH tendem a se concentrar melhor em ambientes mais silenciosos e sem estímulos externos. Apesar de parecer contraditório, podem ter um excelente foco em atividades prazerosas ou quando têm grande pressão em realizá-las – o chamado hiperfoco. Interrompê-los nestes momentos pode ser bastante inadequado, porque frequentemente não conseguem retomar a atividade de onde pararam, causando grandes perdas na produtividade e consequentes frustrações. Espere uma melhor oportunidade para falar, ou pergunte de maneira discreta se aquele é um bom momento para interromper sua atividade.
  1. Encoraje-o(a) a alcançar seus objetivos. Apesar de muitas vezes serem vistos como preguiçosos, sabemos que indivíduos com TDAH apresentam maior dificuldade em tarefas que para outras pessoas podem ser muito simples, como pagar contas, responder e-mails, preencher tabelas e formulários, organizar seus pertences. Apoio, e não críticas, são importantes para que consigam lidar com estas dificuldades.
  1. Ajude com o estabelecimento de prazos, porque ironicamente eles funcionam. Um dos sintomas comuns do TDAH é a dificuldade em lidar com o tempo e planejar o futuro. Além disso, tarefas pouco interessantes e sem recompensas ou ameaças imediatas costumam ser procrastinadas. Por isso, é bom sempre ter lembretes (mesmo que do cônjuge / parceiro) para conseguir cumprir prazos.
  1. Entenda que a pessoa com TDAH frequentemente se sente culpada e envergonhada por todas essas dificuldades, e por te deixar esgotado(a) por ter que lidar com isso. Caminhem juntos para buscar soluções. Se você identifica esses sintomas em alguém que você ama, não o abandone, busque ajuda.

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